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Desenhando a vida!

09-06-2011 19:19

 

 

Ela sempre foi uma companheira inseparável nestes longos anos que passei e que ainda passo por esta dimensão, neste tão heterogêneo e conturbado lugar que chamamos de mundo. Participou incontinente de minha vida desde o início. Verdade seja dita que o diálogo entre a gente nunca existiu, prevalecendo a unilateralidade ditatorial e suprema de um ser que nasceu exclusivamente para tagarelar e jamais ouvir sentimentos, reclamações ou razões, de quem quer que seja.

Desta forma, cresci rodeado de incontáveis e duvidosos exemplos, que ora questiono, bem como os reflexos causados à minha irrisória existência nesse cosmos. Literalmente estes desenhos cingiram artificialmente minha mente pra sempre. Para que você entenda minha indignação, vou citar alguns simples exemplos:

- Bom, cresci assistindo ao demente do Tarzan, o homem macaco, talvez fosse mais apropriado chamá-lo de homem anta, que só andava pelado e quando não estava agarrado a um cipó, adorava espancar nativos africanos e perseguir os “buanas” caçadores brancos, e gostava mais da companhia da macaca Chita do que da Jane. Bem, opção é opção, e a gente nunca discute.

A depravada da Cinderela só chegava em casa à meia noite, vivia de balada em balada perseguindo o seu príncipe encantado que caiu no velho conto do sapatinho de cristal... aff!!! Aladim, um desocupado que não queria nada, nem aprender o ofício do pai que era alfaiate. O velho morreu de desgosto e o vagau tirou a sorte grande ao roubar uma lâmpada mágica, se transformando em um cara poderoso sem mover uma palha e até tapete voador tinha.

Mas, larapio mesmo era o tal de Ali Babá, que passou os quarenta ladrões para trás, e... Ladrão que rouba ladrão tem cem anos de perdão. Cara esperto, pois, enganar 40 gatunos não é tarefa fácil, mas que hoje não passaria de um simples trombadinha, frente aos meninos de Brasília.

O mal resolvido do Batman, o homem morcego, que andava em seu batmóvel a mais de 300km/h, sem nunca ter recebido uma multa de trânsito ou mesmo uma advertencia verbal do Chefe Gordon de Gothan City. O morceguete mantinha uma relação promíscua e velada com Robin que por sua vez odiava mortalmente a Batgirl e a Mulher Gato. Numa dessas crises conjugais, o Batman quase se envolveu com a Mulher Gato e o Robin quase fugiu com o Coringa, mas o que consta estão juntos até hoje.

Outro que marcou época foi o boneco Pinóquio com seu nariz erótico, pois toda vez que mentia o infeliz crescia, deixando as meninas mais que constrangidas. O velho Gepeto, mais cego que o Mr. Magoo, nada percebia ou via, parecendo um velho monarca chegado numas biritas que governou um longínquo país de um reino distante, que nada sabia porque nada via.

A Bela Adormecida era outro péssimo exemplo dado pela babá, pois a vagaba de marca maior, só pensava em dormir. Já sua prima, Branca de Neve, uma devassa! Sofria de compulsão sexual e morava na floresta com sete homens (pequenos) enquanto esperava pela chegada de um príncipe ou um corno de plantão. Na cidade, ela tinha uma tia, Olívia Palito, que apresentava um quadro avançado de bulimia crônica e tinha um namorado, um tal de Popeye que depois de fumar um matinho suspeito espancava sem dó o saco de anabolizantes chamado Brutus, que adorava esquentar a cama na sua ausência. Dá pra notar que promiscuidade é marca de família.

Outro membro da família de vagabas, o mestre Manda-chuva, que tinha uma trupe de desocupados e sobreviviam de pequenos golpes nos becos de uma grande cidade (Bacana, Chuchu, Espeto, Gênio e Batatinha), fichados pelo sempre alerta Guarda Belo, primo de um guarda florestal da Polícia Montada, que tinha muito trabalho, com dois ursos cleptomaníacos, Zé Colméia e Catatau. Eles adoravam roubar cestas de picnics de veranistas frequentadores de um parque habitado por um crocodilo zureta chamado Uóli, Ali gator, que dividia a floresta com um coelho metido a esperto que vivia mascando cenouras e perguntando: - O que é que há velhinho? . Ah! Tinha um pato que só se estrepava, o Patolino, o Hortelino (porco gago), e o bigodão de chapéu, Yosmite Sam.

Outro abombado, o Super Homem, aliás, super sem noção, lesado pela kriptonita (LSD), costumava usar as cuecas sobre as calças e fazia sucesso tremendo principalmente entre o sexo oposto. Uma coisa que não entendo até hoje: se tinha a visão de raio x, porque nunca teve a coragem de ver uma mulher pelada. Hummm, sei não...

É... Só um índio com nome de Tonto mesmo pra andar em companhia de um retardado mascarado, o terror dos bandidos mexicanos, o Zorro, que tinha um figurino todo negro, que era uma zorra. Cavalgava pelas terras áridas do México numa temperatura de quase 50 graus de cozinhar os ovos. Com seu fiel Tonto, enfrentava tchicanos e bandoleiros, e eu ficava em vão, na torcida, pra ele cruzar com Cisco Kid ou Pancho Vila, o que nunca aconteceu.

Outro que povoou minha infância foi o Salsicha do Scooby Doo que não passava de um maconheiro. Com sua vozinha suspeita, adorava falar com o cachorro, além de ver fantasmas. O que a droga não faz! Outro lesado era o Pateta, duro de aguentar. E quando ele inventava de engolir uns amendoinzinhos de meta-anfetamina e se transformava em Super Pateta, o afásico, que voava sem sair do lugar. O único lúcido do desenho era o Pluto. Outra coisa que nunca consegui entender, a Margarida, era namorada do Pato Donald, mas adorava sair com o Gastão. Talvez porque o Donald sempre foi um depravado, pois nunca usou um par de calças, apenas sua manjada e surrada blusa de marinheiro. Também o desajustado tinha um tio pão duro, o avarento Patinhas, que não hesitava em trocar a própria mãe por uma reles moeda de um centavo.

Vizinhos do velho pato milionário moravam o gato Tom e o rato Jerry, protegido pelo cão Spike um bulldog que odiava gatos. Perseguições memoráveis movimentavam a casa que deveria ser de algum punguista, pois os donos raramente apareciam e quando em cena, só focalizavam suas pernas, estranho! Na casa ao lado habitava uma doce velhinha que tinha um cachorro de nome Precioso que adorava andar de carro com a velha senhora, que deveria sofrer de Alzheimer, pois nunca se lembrava que mantinha um passarinho amarelo, o Piu Piu, na gaiola e que por sua vez, com certeza, sofria de demência avançada devido aos movimentos repetitivos no poleiro, e só abria o bico pra dizer:

- Eu acho que eu vi um gatinho!!!! E o gato Frajola, que a cada caçada fracassada, entrava no cacete. Também com um nome destes só poderia apanhar mesmo.

O que poucos sabiam é que Piu Piu tinha um tio famoso, um pombo, igualmente perseguido. Duas quadras abaixo de sua casa estava localizado o QG da Esquadrilha Abutre, comandada pelo Dick Vigarista, o oportunista cão Muttley, além de um aviador medroso e outro que falava javanês, um autêntico político, falava tudo, mas não dizia nada. Quando não estavam rasgando os ares atrás do pombo, participavam da Corrida Maluca e tentando trapacear para ganhar, entre as medalhas e as risadas impagáveis do Muttley. Engrossava o caldo a turma desorganizada da Quadrilha de Morte com seu Chugga Boom. Participava também a patricinha vamp, Penélope Charmosa cor de rosa, que corria com um olho na prova e o outro no Tião Gavião que insistia sem sucesso sequestrá-la com ajuda dos nóias Irmãos Bacalhau. Talvez Tião Gavião era na realidade seu verdadeiro sonho de consumo, nunca consumado, perdoando o trocadilho.

Depois de todos esses exemplos clássicos que tive de minha babá eletrônica, ainda tem uns caras de pau que pedem pra eu me comportar? Tarde demais!!!!

                                                                            Roquemberg Duarte   

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E... Sem pedir ou dar gravatas!!!!!

RabinoHenrySobel.pps (323,5 kB) 

                                                                                         

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